quarta-feira, 29 de junho de 2011

Preconceito x Hipocrisia

Estamos presenciando uma grande discussão nacional sobre um kit que poderá ser distribuído pelo governo federal, na tentativa de combater a homofobia.
Bom o assunto gerou tanta polemica, que até parece que o Brasil não vive nenhum outro tipo de preconceito, pois todos eles são desconsiderados quando rotulamos o preconceito como exclusivo de um determinado seguimento social, isto em si já é preconceito.
Considerar que o preconceito que sofro é mais dolorido que o de outro, é forma de segregar grupos e fortalecer as agressões entre as pessoas. Afinal onde fica a dor de quem sofre preconceito por ser pobre ou por ser rico, do gordo e do magro, do gari e do executivo, do velho e do novo, do feio e do belo, ...
Bom, são tantas as formas de agressão moral em nosso país que precisaria de vários blogs para elenca-los, portanto tal cartilha só vem evidenciar e ampliar o preconceito seja ele qual for.
O governo deveria desenvolver uma cartilha sobre respeito a diversidade social, características de um país que pretende atingir a plenitude da democracia, no qual gostar ou não gostar, ser ou não ser é um direito de todos, porém qualquer um se sentir agredido por qualquer forma de preconceito, terá a justiça a seu favor.
A hipocrisia proliferada pela mídia de massa, devido aos lucros que determinados seguimentos podem garantir - principalmente no que se refere ao homossexualidade, tem tornado o preconceito como algo apenas para as questões sexuais, assim como antes dessa polemica o preconceito parecia ser sofrido apenas por pessoas tidas como negras.
Trabalhei por algum tempo como gari durante minha adolescência  período de grande relevância para construção de meu caráter e quebras de preconceitos. Enquanto usava meu macacão laranja que chama atenção metros de distancia, passava desapercebido entre a multidão, meus cumprimentos de boa tarde ou bom dia raramente eram correspondidos, as gatinhas então..., quase que passavam por cima, alguns colegas chegavam a passar do meu lado e não me cumprimentavam, e não era porque não me reconheciam, é que se quer percebiam tal personagem ao seu lado ou a sua frente. E digo que quando estava sem o uniforme, cheguei a despertar interesses nas mesmas garotas que me desprezavam, quando eu estava uniformizado. Fazer compras, nem pensar utilizando o uniforme, apesar de ser um roupa de trabalho assim como a de um militar, médico ou qualquer outro trabalhador uniformizado, éramos vistos com olhos de desprezo ou de medo, como se fossemos assaltar o estabelecimento. Porém tal atitude preconceituosa não é característica de toda a sociedade, apesar de passar por esses constrangimento, isso era ocasionado por uma pequena parte das pessoas, como negros, homossexuais, ricos, pobres, gordos e magros.  Sofri preconceito por muitas dessas pessoas que também combate algum tipo de preconceito, porém não percebem as agressões contra os outros.
Então sofri preconceito por ser um trabalhador!
Talvez alguns dizem: "isso não é nada", mas para um garoto de 15 anos assediado pelas drogas e pelo crime isto pode ser um sopro que faltava para o abismo da criminalidade. E durante toda a minha vida escolar, do pré-ensino (publico) até a universidade, recebi sequer, uma cartilha para combater tal tipo de preconceito.
Enquanto a questão do respeito ao próximo não for tratada  de maneira séria e com os alhos para diversidade, em um espaço adequado com recursos didáticos e humanos suficientes, no qual os profissionais tem remuneração digna e capacitação continua, estaremos fadado ao fracasso escolar e consequentemente à uma nação mais violenta, na qual qualquer cartilha é apenas queima de recurso.
Antonio Alcebiades
11/07/11

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Humanização da Educação

O Sistema de Educação é dos poucos serviços públicos que ainda não passou pelo processo de automatização, pelo menos no que se refere a rede publica. No entanto pode ser um do mais desumanos que temos.

É impressionante como é desconsiderado o fator emocional na carreira docente. Se discuti muito a má gestão dos recursos financeiros e pedagógicos e esquecem que quem executa o serviço são pessoas. Como dizia Paulo Freire, "... o aluno é gente, o professor é gente, o diretor é gente...", mas onde esta essa gente toda que esqueceu isso ou ainda não percebeu que todos somos gente ?
Esta semana tive um dos momento mais emocionantes da minha recente profissão docente. Uma professora que teve sua moral brutalmente agredida por alguns de seus alunos (entre 11 e 13 anos) entrou aos prantos, sem voz e desorientada na sala dos professores. Ela não precisou dizer nada a ninguém pois tal reação já estava prevista.
Havia dias que ela clamava por socorro. Porém nem grupo gestor ou docente teve a sensibilidade de oferecer um suporte a fim de evitar este dano emocional e que com certeza deixará cicatrizes.
Para muitos, um despreparo profissional da professora, outros não acreditam que crianças nesta idade possam abalar um adulto. Mas não podemos esquecer que há vários fatores que implicam o desequilíbrio emocional de uma pessoa, um deles é pedir ajuda e não ser ouvido.
É urgente ao profissional da educação criar um ambiente em que possamos ser mais solidários uns com os outros, assim evitar que danos possam acontecer ao educador ou ao aluno.
A educação não pode continuar a pautar as paginas de violência da mídia. Não se pede aqui um corporativismo na educação, mas que possamos estender as mãos aos nossos colegas de trabalho e oferecer o melhor para os educandos, em um ambiente em que ambos são vitimas de um sistema que pouco tem contribuído para diminuir o distanciamento entre as pessoas e conseqüentemente a desigualdade social.
Como podemos almejar uma sociedade menos desigual, se não nos reconhecemos neste grupo.