domingo, 6 de março de 2011

Dia das Mulheres. Comemorar? O que?

Nova Iorque, 1857,  numa fábrica da indústria têxtil, 130 mulheres trabalhadoras - na maioria costureiras, morreram queimadas, após reivindicarem melhores condições de trabalho e como punição pagaram com a vida. Após esse período a legislação trabalhista obteve muitos avanços inclusive no Brasil, país em que o trabalhador é amparado pela justiça ancorada na Constituinte, garante a dignidade e liberdade de expressão.
No entanto em São José dos Campos - SP, a empresa Blazer Brasil, que produz roupas para marcas Growing, rede Dá vó, além de outras, coincidentemente, com aproximadamente 130 funcionários, na maioria mulheres costureiras, tem se mantido no século XIX, visto que na ultima semana ( 01 a 04/03/2011), decretou que todas as funcionarias que apresentaram atestado médico, teriam o beneficio da cesta básica cortado, o que de fato se cumpriu.
As funcionárias não se calaram diante de tal covardia e acionaram o sindicato, o qual junto com uma vereadora da cidade, realizaram um manifesto na porta da fabrica e colheu assinaturas das empregadas insatisfeitas com a repressão da empresa. A ação do sindicato não intimidou a direção - o que causa uma certa estranheza -, que no dia seguinte tornou o terrorismo psicológico, as funcionárias foram impedidas de sequer tirar sua pausa de descanso, as necessidades fisiológicas passaram a ser monitoradas pelo supervisor. Pra aumentar um pouco mais o drama, no final do trabalho desta sexta feira (04/03/2011), foram distribuídas algumas lembrancinhas em homenagem ao dia da mulher, porém só receberam aquelas que se negaram a assinar a lista do sindicato. "Quanta hipocrisia".
É preciso esclarecer que esta pratica de terrorismo é caracteristica principal Blazer Brasil, que não se preocupa nem um pouco com o sindicato que representa as trabalhadoras muito menos com a justiça do trabalho. Segundo funcionarias, a direção diz não temer a justiça, pois é lenta e faz acordo o que sai mais em conta do que respeita-la, quanto ao sindicato, a diretoria é apaziguadora, não vai para o enfrentamento.
O que tememos é que este tipo de comportamento empresa tome outras dimensões, como as da mulheres de Nova Iorque.
É inadmissível que o sindicato ainda não tenha acionado o ministério publico, e realizado uma mobilização junto aos representantes dos trabalhadores de outras categorias. É uma atitude suspeita por parte da direção sindical, que apenas quer controlar os ânimos dos indignados. E o partido dos trabalhadores (PT) ?  O PT de São José dos Campos, que por meio de uma vereadora esteve presente na porta da empresa, não pode esquecer que sua raiz é sindical e sustentada pelos trabalhadores, que apenas ouvir os desabafos dos oprimidos, não é suficiente. Desculpas de viagens de carnaval dos representantes legislativos, não justificam a omissão diante de tamanha crueldade, cadê seus assessores? Precisamos de ações concretas. Precisamos de mobilização!
Cortar a cesta básica das trabalhadoras é ilegal. Agora comunicar que não irão ter direito na hora de receber é desumano, ainda mais pelo fato de receberem o salário de um pouco mais de R$ 500,00.
Nós que não somos funcionários da Blazer Brasil, devemos nos indignar com este ato terrorista e boicotar produtos produzidos por esta empresa. 
Precisamos cobrar as instituições que nos representam, divulgando os atos de repressão do capitalismo e de omissão dos pseudos representantes sindicais e partidários.
É uma hipocrisia tamanha, empresas de marcas respeitadas contratarem serviços que violam os direitos e a dignidade humana. A exploração não esta só na China em que as leis trabalhistas são brandas, ela está aqui diante de nós, só não vê quem não quer, sustentada pela hipocrisia politica e religiosa.